segunda-feira, 30 de novembro de 2009



Olá caro leitor, seja bem vindo ao meu humilde lar, sintam-se em casa, aceitam uma xícara de sangue? Quero dizer, uma xícara de chá?


Não te preocupes aqui seu pescoço esta em segurança, por mais que não pareça... Venha, se acomode, relaxe e aproveite uma boa leitura, os meus contos não seguem uma linha cronológica continua, então podes começar a ler por qualquer um deles.


Mais não custa avisar meus caros, recomendo ler a partir do primeiro, para não ficares confuso ou perdido na história.


Aos já habituados ao meus contos obrigado mais uma vez pela visita, e aos novos leitores, não se acanhem, aproveitem à estadia e comentem, quero conhecer todos!


A direção.

Uma madrugada tempestuosa



Uma luz bruxuleante clareava o local, deixando-o ainda mais sombrio. Maya sentada na poltrona de veludo roxo abraçava os braços em uma tentativa inútil de se esquentar, estava muito frio ali, porém só ela parecia sentir. “Mais uma coisa a ser somada nesse turbilhão de caos” pensava enquanto o velho vestido de roupão olhava através da janela molhada pela tempestade lá fora.


Sua mente fervia pelo número e importância das informações que recebera hoje, ate de manhã era só mais alguém querendo sobreviver na cidade, agora era mais uma guardiã de um segredo que apenas uma pequena parcela do mundo sabia.




Sim, havia procurado informações, pesquisado, se deslocado continuamente e até se arriscando, tudo para descobrir o segredo, o segredo que levara sua mãe... O segredo que perturbara sua vida, que a torná-la tão difícil e complicada, e quem sabe se não fosse tão esperta e determinada teria a levado ao tumulo.

Momentaneamente tudo aquilo lhe pareceu uma loucura sem tamanho, que não devia estar ali, o que ele faria agora? Ela já sabia do segredo, já descobrira o que ele era. E ao pensar nisso só uma coisa lhe ocorreu à cabeça. Ele só poderia fazer duas coisas, mata-la ou transformá-la.


E como se ele ouvisse seus pensamentos, o velho homem lhe disse com um carinho na voz:


- Não irei matá-la minha pequena... Para que? Agora que sabe tenho outros planos pra você, e sei que já sabe quais.


É claro que não iria me matar – pensou, - já teve chance, não se daria o trabalho de me dizer tudo isso e depois acabar com a minha vida... - E percebeu o que ele pretendia. A segunda opção, os outros planos, ela sabia, era a de transformá-la, transformá-la em um vampiro!


Ela respirava ofegante, ele remexia com o ferro os carvões na lareira que parecia de enfeite, pois apesar das chamas nela brilhando, mal esquentavam a sala onde se encontravam. Ela ergueu os olhos maliciosos para ele e fez menção de responder a seu comentário, mais ele falou antes que ela pudesse emitir som.


- Não precisa falar, sei que tudo é muito novo pra você, eu entendo, já vivi isso um dia, sinto seu medo crescente, e lhe digo sinceramente: ele não combina com você.


- Eu sou de carne e osso Dagrian, o medo esta constantemente perto de mim, como um amigo, que me avisa do perigo. – Ela o fitava com um olhar desafiante, e ele retribuía com um olhar de deslumbre. – Mais nem por isso deixo de caminhar, apenas caminho com mais cuidado, quando se vive tanto tempo na rua, como eu vivi, aprendesse a lidar com o medo, e utilizá-lo a favor.


- Então não tem medo de mim, Maya? Nem de minhas intenções? Estará então você antes do que eu imaginara preparada para meus planos?


- Nunca disse que não tinha medo Dagrian, mais sim que aprendi a controlá-lo e por isso não estou gritando, nem implorando a você para me deixar ir embora.

Ele sentia o tom desafiante em sua voz, e seu rosto prendia um ar de surpresa, e ela continuou.


– Aprendi Dagrian, que não é ele que tem que dominar e sim eu. Procurei e encontrei respostas à maioria das minhas perguntas. Entendo muita coisa agora. E estou sim, preparada para encontrar as conseqüências desta procura, sempre soube que teria que pagar um preço pelas minhas respostas, e para lhe ser sincera não o acho tão caro assim.


Seus olhos encaravam o dela, como se não acreditasse no que via ou ouvia, e de repente voltou a olhar pela janela onde ainda gotas de chuva escorriam pelo vidro, apesar da tempestade ter se acalmado. Então depois de um tempo de silencio incomodo, Dagrian olhou para ela e com tom de simplicidade disse:


- Então vamos para a ação!


A luz que clareava o local apagou, ela sabia que o vulto que agora se aproximava dela era a ultima coisa que viria como humana, sua hora tinha chegado, e ao sentir os dedos frios do velho em seu ombro afastou os cabelos e deixou o pescoço livre para o abraço final.