Sim, havia procurado informações, pesquisado, se deslocado continuamente e até se arriscando, tudo para descobrir o segredo, o segredo que levara sua mãe... O segredo que perturbara sua vida, que a torná-la tão difícil e complicada, e quem sabe se não fosse tão esperta e determinada teria a levado ao tumulo.
Momentaneamente tudo aquilo lhe pareceu uma loucura sem tamanho, que não devia estar ali, o que ele faria agora? Ela já sabia do segredo, já descobrira o que ele era. E ao pensar nisso só uma coisa lhe ocorreu à cabeça. Ele só poderia fazer duas coisas, mata-la ou transformá-la.
E como se ele ouvisse seus pensamentos, o velho homem lhe disse com um carinho na voz:
- Não irei matá-la minha pequena... Para que? Agora que sabe tenho outros planos pra você, e sei que já sabe quais.
É claro que não iria me matar – pensou, - já teve chance, não se daria o trabalho de me dizer tudo isso e depois acabar com a minha vida... - E percebeu o que ele pretendia. A segunda opção, os outros planos, ela sabia, era a de transformá-la, transformá-la em um vampiro!
Ela respirava ofegante, ele remexia com o ferro os carvões na lareira que parecia de enfeite, pois apesar das chamas nela brilhando, mal esquentavam a sala onde se encontravam. Ela ergueu os olhos maliciosos para ele e fez menção de responder a seu comentário, mais ele falou antes que ela pudesse emitir som.
- Não precisa falar, sei que tudo é muito novo pra você, eu entendo, já vivi isso um dia, sinto seu medo crescente, e lhe digo sinceramente: ele não combina com você.
- Eu sou de carne e osso Dagrian, o medo esta constantemente perto de mim, como um amigo, que me avisa do perigo. – Ela o fitava com um olhar desafiante, e ele retribuía com um olhar de deslumbre. – Mais nem por isso deixo de caminhar, apenas caminho com mais cuidado, quando se vive tanto tempo na rua, como eu vivi, aprendesse a lidar com o medo, e utilizá-lo a favor.
- Então não tem medo de mim, Maya? Nem de minhas intenções? Estará então você antes do que eu imaginara preparada para meus planos?
- Nunca disse que não tinha medo Dagrian, mais sim que aprendi a controlá-lo e por isso não estou gritando, nem implorando a você para me deixar ir embora.
Ele sentia o tom desafiante em sua voz, e seu rosto prendia um ar de surpresa, e ela continuou.
– Aprendi Dagrian, que não é ele que tem que dominar e sim eu. Procurei e encontrei respostas à maioria das minhas perguntas. Entendo muita coisa agora. E estou sim, preparada para encontrar as conseqüências desta procura, sempre soube que teria que pagar um preço pelas minhas respostas, e para lhe ser sincera não o acho tão caro assim.
Seus olhos encaravam o dela, como se não acreditasse no que via ou ouvia, e de repente voltou a olhar pela janela onde ainda gotas de chuva escorriam pelo vidro, apesar da tempestade ter se acalmado. Então depois de um tempo de silencio incomodo, Dagrian olhou para ela e com tom de simplicidade disse:
- Então vamos para a ação!
A luz que clareava o local apagou, ela sabia que o vulto que agora se aproximava dela era a ultima coisa que viria como humana, sua hora tinha chegado, e ao sentir os dedos frios do velho em seu ombro afastou os cabelos e deixou o pescoço livre para o abraço final.